7º Ano - A FILOSOFIA CRISTÃ E O PODER DA IGREJA CATÓLICA

06/05/2015 08:18

INTRODUÇÃO

https://www.sistema.templodeapolo.net/imagens/imagens/The%20Marriage%20of%20the%20virgin%20-%20Pietro%20Perugino%201500-1504%20-%20CCpia.jpgToda a atividade filosófica se relaciona sempre com a história, por isso para entendermos a filosofia medieval temos que nos debruçar sobre ela e buscarmos entender as condições históricas que foram importantes na formação e no desenvolvimento da filosofia medieval. O cristianismo é um elemento preponderante no horizonte cultural dos homens europeus no período medieval. Sua doutrina e todo o aparato ritualístico da Igreja católica romana condiciona profundamente a totalidade das relações sociais, o comportamento cotidiano das pessoas e, o que nos interessa em especial, as explicações sobre todas as coisas da vida. Aproveitando-se da expansão do cristianismo, a Igreja Católica observada durante o fim do Império Romano, alcançou a condição de principal instituição a disseminar e refletir os valores da doutrina cristã.

Dentre os fatores que marcaram a transição do mundo antigo para a Idade Média, interessa-nos, na Filosofia, as mudanças na mentalidade e a clericalização da sociedade, aspectos inter-relacionados e que descrevem a importância do cristianismo na configuração sociocultural da Idade Média europeia, e o poder adquirido pela Igreja católica, sendo ambos, fenômenos históricos determinantes para os rumos da filosofia medieval.

 

1. A FILOSOFIA CRISTÃ E O PODER DA IGREJA CATÓLICA

A religião cristã, em seus primórdios, era severamente reprimida pelos imperadores romanos, uma vez que a crença em um único Deus, a máxima do amor ao próximo na medida do amor a si mesmo e a irmandade irrestrita entre os homens eram alguns dos preceitos que direta ou indiretamente iam de contra aos postulados imperiais romanos, como por exemplo, o politeísmo, a divindade dos imperadores e até mesmo o jugo dos romanos sobre outros povos.

Com a concessão de liberdade de culto dada pelo imperador Constantino em 313, e mais tarde, no ano 380, tornando-se a religião oficial dos romanos, por decreto do imperador Teodósio, percebemos que o cristianismo não apenas resistiu às investidas do poder romano, como também sobreviveu ao seu término no ano 476. Se Roma caiu, o cristianismo fortalecido institucionalmente na Igreja católica permaneceria no centro da cultura europeia e, em perspectiva mais abrangente, da civilização ocidental. Através da centralização de seus princípios e da formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja teve condições suficientes para alargar o seu campo de influências durante a Idade Média.

Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos mais diferentes extratos dahttps://lounge.obviousmag.org/alfarrabios/2012/06/santos-filosofos-nao-filosofastros-parte-ii.html.jpg sociedade medieval. A própria organização da sociedade medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade. Além disso, a vida terrena era desprezada em relação aos benefícios a serem alcançados pela vida nos céus. Dessa maneira, muitos dos costumes dessa época estavam influenciados pelo dilema da vida após a morte. Ao mesmo tempo em que havia o domínio cultural, ocorria também a clericalização da sociedade, que consistia na consolidação do clero como corpo social integralmente dedicado à religião e detentor de grande poder explicado por sua intermediação das relações dos homens com Deus.

A mentalidade do homem medieval é essencialmente cristã. O poder da religião influencia seus modos de sentir, de pensar, de se comportar, bem como suas escolhas, suas preferências, suas culpas e seus valores morais. Do seu nascimento até sua morte, tudo estava ligado ao pensamento religioso.

 

2. A RELAÇÃO ENTRE RAZÃO E A FÉ

https://logosapologetica.com/wp-content/uploads/2013/01/Faith-and-Reason1.jpgO domínio sobre a cultura medieval vai impor consequências de larga extensão para a reflexão filosófica, e temas outrora consagrados na filosofia antiga, serão redesenhados: o Universo, a criação do mundo, a natureza e a própria moral, e outros problemas que surgirão serão colocados à especulação racional com sua noção de ser supremo, identificada ao Deus criador.

Portanto, os princípios doutrinários do cristianismo vão provocar novas bases para interrogações filosóficas que versam sobre o ser do homem, o ser do mundo e o ser supremo (Deus). Entretanto, surge um problema mais amplo: as relações entre o saber revelado do cristianismo e o saber racional da especulação filosófica ou, em outras palavras, a tensão entre razão e fé.

Diante desse embate, sob o ponto de vista do cristianismo, há duas questões fundamentais:

a) Qual o valor real do conhecimento filosófico desenvolvido antes da revelação cristã?

b) Qual seria a relação entre o conhecimento racional e a verdade revelada no evangelho?

Essas questões serão trabalhadas e discutidas pelos pensadores e filósofos que farão parte de duas correntes, períodos ou épocas da filosofia cristã:

• Filosofia Patrística – que vai até o século VII

Em sentido geral, denominamos de filosofia patrística as primeiras tentativas de conciliação dos princípios doutrinários cristãos com a tradição filosófica grega, ou seja, o empenho dos padres (daí o termo patrística) da Igreja em sintetizar o conhecimento racional dos antigos com a verdade revelada da religião.

• Filosofia Escolástica – do século X ao século XIV

A filosofia escolástica, em sentido muito abrangente, indica os estudos realizados nas escolas medievais, sobretudo a partir da criação das universidades e da recuperação de textos aristotélicos por intermédio dos árabes, que tanto influenciariam na articulação entre razão e fé proposta pela chamada filosofia tomista de Santo Tomás.

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